quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Valdivia, exclusivo: 'Ouvi muita mentira. Agora, chega!'

Valdívia - Treino do Palmeiras (Foto: Tom Dib)

Valdivia não falava com a imprensa desde 22 de julho, quando revelou propostas do Oriente Médio e deixou seu futuro em aberto no clube. O chileno resolveu desabafar.
No período, recebeu uma oferta do Al-Ahli, da Arábia Saudita, despertou interesse do Flamengo e, para aumentar especulações sobre o futuro, sentiu dores na coxa esquerda justamente no sexto jogo, contra o Náutico, limite para uma transferência nacional. Ele está irritado com acusações de “migué” que tem lido e ouvido. Atacou o ex-jogador e hoje apresentador de TV, Neto, que reforçou críticas nesta semana.
O Mago revelou que os filhos, no Chile, estão pedindo para voltar ao Brasil, disse que a situação familiar não muda mais seu futuro no Palmeiras e falou outra vez em jogar a Libertadores de 2013, com Felipão. Até campanha para voltar ao Pacaembu, preferido da torcida, ele diz que fará no Verdão. Confira a entrevista exclusiva do camisa 10, ao LNET!:
L!: A gente ficou sabendo que você anda incomodado com críticas recentes. O que houve?
V: Cheguei a escrever um texto até sobre isso. É o que eu sinto, e gostaria de colocar para fora. Chega um momento que cansa, não vou mais ficar calado. Chega de tomar porrada e ficar calado. Sou um cara que respeita o Palmeiras. Sempre leio matéria que diz que brinco com o Palmeiras. Por tudo que passei (sequestro), sou o cara que mais respeita o Palmeiras. Qualquer outro já teria feito a mala e vazado. Agora, disseram que sou mau elemento no grupo, o Neto é que falou. Falou que Felipão não me quer, é mentira. Conversei muito com Felipão, Sampaio, presidente, em nenhum momento falaram para eu ir embora do Palmeiras.
L!: Não apenas do Neto, mas você sofre críticas diversas há muito tempo. E também tem a ver com o pouco número de jogos que tem feito pelo clube, não é?
V: Você toma, toma, não dou muita importância, mas quando é muita mentira junta... Chega de aguentar blogueiros falando mentiras de mim. Agora, é Neto colocando em dúvida minha lesão, as pessoas que trabalham no Palmeiras, profissionais do departamento médico. É um mau caráter, mentiroso. É isso que todos jogadores pensam dele. O único que conseguiu brigar com São Marcos. Só fala bem de quem vai no programa dele. Ele fala em lesão estranha. Fica colocando história na cabeça dos torcedores. Pergunte aos médicos do Palmeiras... Sempre me dediquei. Eu sofri, segurei a onda, dei a volta por cima na semifinal contra o Grêmio (fez gol na volta, pela Copa do Brasil). Eu sou reconhecido pelo torcedor. Não agrado todo mundo, normal. Mas a maioria, sim. Falam em beber cerveja. Qual é o problema? No momento certo, é normal. Não na concentração. Nunca faltei em treino por causa de cerveja. Quem diz isso é mentiroso. Chegar atrasado em treino acontece. Sheik já chegou atrasado de helicóptero, ninguém morreu. É uma grande pessoa, grande jogador, é normal. Chega atrasado, paga multa. Questionam minha lesão? Duas vezes por semana vem um profissional aqui fazer ultrassom. Neto colocou em dúvida o profissionalismo. Ele é uma pessoa falsa. Dizer que tem jogadores que acham ruim minha permanência? Nosso capitão, depois do jogo no Olímpico, me fez uma dedicatória. Como sou mau elemento? Quando o Barcos ficou fora, eu sofri. Se eu fosse falso, não teria feito aquele gesto de Pirata para ele (ao fazer o gol em Barueri).
L!: Não acha mesmo que há alguém no clube que quer o seu mal?
V: Não desconfio de ninguém. Só acho que há acusações delicadas, para quem as faz. Eu me dou bem com todos funcionários, roupeiro, todos.
L!: Críticas à parte, você tem se machucado muito. E a última lesão?
V: Eu me machuquei numa jogada contra o Náutico, acho que com o Alessandro. Ele me jogou a perna para o alto. O tendão do adutor inflamou. Não rasgou, mas inflamou o adutor da perna esquerda. Não tem nada a ver com meu histórico de lesões, é por causa de uma pancada. É só ver as fitas do jogo, a imagem. Tentei voltar há dez dias, porque estava bem. No segundo dia de treino, senti de novo. Essa história de não querer jogar... Nada a ver! Já joguei com dor, com lesão, mas não vou a público falar. Já joguei com febre, gripado. E não sou o último e nem primeiro a fazer isso. Eu não estou aqui por grana. Se não tenho feito como a torcida quer no campo, faz parte da vida do jogador. Eu sempre me dediquei. Quando eu me machuco, venho três vezes por dia tratar. Não tenho dupla personalidade. Quando é para rir, dou risada. Quando é para chorar, choro. O torcedor me conhece e me quer bem. Só cansei de ser julgado.
L!: Isso muda seu futuro no clube?
V: Não muda nada. Só muda minha tranquilidade de responder quem fala merda de mim. Mesmo o presidente no ano passado (Tirone criticou o meia), fiquei quieto e depois respondi com respeito. Chega de ficar calado, toda hora o “Valdivia é isso, aquilo”. Conto com apoio do Felipão, ele já falou muitas vezes, já citou publicamente que precisa de mim, elogiou minhas qualidades. Se uma ou duas pessoas falam que Felipão não me quer, questionam também o treinador. Felipão falou na minha cara e ao público a mesma coisa.
L!: Afinal, você pediu para sair quando veio a proposta da Arábia?
V: Eu não sou mentiroso e nem quero pagar de santinho. Tive uma proposta muito boa. Meu pai ficou dez dias com o representante mandado pelo príncipe. Falaram de valores. Ele mostrou uma proposta ao Palmeiras, o Palmeiras aceitou, mas pediu garantia bancaria. Só que os times de lá pensam que tem muito dinheito e não dão essa garantia. O Palmeiras recuou, disse que não ia vender. Eu passei os valores que queria ganhar. Mas sempre digo para qualquer clube ir ao Palmeiras antes. Se o clube aceita, estou dentro. Depois, conversei com Marcinho, da Ponte, que jogou no mesmo time da Arábia. Falou sobre a cidade. Eu comentei com minha mulher, que ficou na dúvida. Não sabia se queria ir. Aí, teve o negócio da garantia bancária, não avançou. Então tudo bem. Fiquei.
L!: Sampaio disse que conversou com você na semana passada. E o Flamengo, fez uma proposta?
V: A última vez que falei com o Sampaio foi mesmo quando veio o Flamengo. Mais uma vez, disse que, se for para sair, não saio para o Brasil. Eu sou identificado, fico aqui no Palmeiras até que se cansem de mim. Não saio para outro time do Brasil. estou bem aqui, apesar de estar longe da família. Estou trabalhando com alegria e amando meus filhos, minha família. Vou ficar, tenho contrato. Se amanhã é para ser quebrado, o Valdivia acerta, o Palmeiras acerta. Flamengo não chegou a fazer uma proposta de dinheiro. Mas sei que teve vice de lá entrando em contato com Sampaio. Tem de falar com o Palmeiras. Não fico num lugar que ninguém me quer. Mas aqui tive apoio, confiança, carinho sempre.
L!: Você não acha que já ficou marcado por se machucar demais?
V: Quando eu voltei (em 2010), começou essa história de lesões. Era quando eu entrava, jogava pouco e machucava. Ficou aquele tormento. Se tivesse feito o que era correto, normal, parar já quando tinha dor... Talvez não tivesse acontecido. Ali foi o começo dos problemas. Tinha o problema de uma cicatriz, a famosa fibrose de uma antiga lesão. Essa fibrose ficou muito tempo incomodando. O time precisava. Sempre ajudei. Se eu tivesse feito a conduta normal, parado... Era para se cuidar. Mas ia lá e voltava. Agora, resolveu. Por causa da fibrose, fui perdendo muita massa. Isso prejudicou, mas fizemos bom trabalho aqui.
L!: E vai jogar quando?
V: A previsão é treinar mais forte na quinta (hoje). Pedi para começar uma bateria de trabalho. Vou treinar em dois períodos até no domingo. A ideia é jogar quarta.
L!: E a família? A sua esposa não volta mesmo depois do trauma do sequestro (dia 7 de junho)?
V: Isso está meio que resolvido. Já disse que o que aconteceu poderia ter acontecido com qualquer outro. Isso não afeta minha vida no Brasil. Minha mulher também sabe. Ela ia na 25 de Março. Ela acordava às 4h da manhã pra ir na feirinha da madrugada do Brás. O que aconteceu foi um acidente, uma desgraça. Ela voltar ou não, não depende mais do Palmeiras. Temos conversado, ela está mais tranquila, meus filhos querem voltar, têm saudade dos amiguinhos da escola. Só que para a mulher é mais difícil de esquecer, é diferente do homem.
L!: Fica para a Libertadores?
V: Se Deus quiser, vamos jogar a Libertadores, com Felipão. Vou pedir para a diretoria montar um time bom. E vou pedir para jogar no Pacaembu. Se é o que a torcida quer, é o que eu quero. Já ganhamos e perdemos em Barueri. O Palmeiras já foi campeão muitas vezes jogando no Pacaembu.
Mago diz que recusou ‘liberação’
Quer ir para o Chile?
Não, obrigado! Valdivia diz que foi liberado na semana passada por Felipão e diretoria para viajar ao Chile, para ver a esposa. “Eu não quis, pois a imprensa estava falando em migué. Se eu viajo, iria alimentar isso. Falei que ia ficar, tratar e jogar. Felipão já me liberou duas vezes. Nossa relação é ótima, sempre nos falamos e ele exalta meu futebol”.

Fonte-Lancenet

Juliano.Gouveia

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