domingo, 29 de julho de 2012

Almoço com Seedorf: um prato cheio de ensinamentos

Especial Seedorf (Foto: Alexandre Loureiro)A entrevista com Seedorf teve um segundo tempo. E que segundo tempo! Após quase uma hora de conversa com meus colegas de LANCENET!, tive a oportunidade única de almoçar com o holandês. Sem microfones, sem câmeras, sem barreiras. Um momento do qual me lembrarei para sempre. Não só pelo peso do personagem diante de mim, mas pelas palavras que escutei e pelo exemplo de vida que vi de tão perto.
Havia chegado para a entrevista já ciente do "desafio" que teria pela frente depois. Feitas as gravações e fotos, enquanto os outros arrumavam suas coisas e partiam para a redação, eu procurava um jeito de organizar minha barriga, inquieta. Era ansiedade? Fome? Os dois. Afinal, acordara muito cedo para o evento do dia, e já era quase 13h.
Apesar do papo descontraído no elevador, não consiga pensar direito. Como me portar? O que dizer? Quando voltei à realidade, já estava na entrada do restaurante do hotel. O salão era amplo, com mesas num tom escuro e cadeiras de cor clara, quase sempre quatro para cada. A iluminação, praticamente natural. Um festival de talheres a disposição. 
Seedorf entra primeiro. Cumprimenta não só o maître, como todos os garçons pelo caminho. Parecia ainda morar no Fasano, pensei. Sigo cada passo seu, até para não fazer nada de errado. Em time que está ganhando, não se mexe. Ele já tinha uma mesa escolhida, a favorita. De frente para a janela, com vista para o mar e o calçadão de Ipanema. Bicicletas, belas banhistas e um enorme azul ao fundo do quadro.
Esperamos alguns segundos até a terceira pessoa chegar (aliás, outra ótima companhia). "O que desejam para beber?", pergunta o garçom. O holandês pede água, e eu também. O segredo era não inventar. O problema foi na hora de ler o cardápio, com pratos e iguarias até então desconhecidas ao meu paladar. E agora, José? Ou melhor, Clarence?
Não me lembro exatamente como o papo começou. Talvez alguns comentários pós-entrevista. Ele admitiu ter gostado da conversa com oL!NET. Maravilha! Se ele ainda não havia feito seu primeiro gol pelo Botafogo, nós pelo menos abrimos o placar. A partir daí, o jogo fluiu.
Seedorf quis saber do atual cenário político brasileiro. Não o melhor dos assuntos para a hora da refeição, mas ninguém passou mal. Falamos também do passado do país e as semelhanças com o Suriname, ambos ex-colônias europeias. Dali, o papo viajou para o Velho Continente e sua crise atual. De repente, chega a entrada (não me pergunte o que era). Foi bom para animar o estômago e melhor ainda para a conversa.
O assunto passou a ser o dia a dia no Botafogo. Em especial, os divertidos momentos com Gabriel, companheiro de concentração. O holandês abre o largo sorisso e conta um pouco da amizade com os brasileiros nos tempos de Real Madrid (ESP) e Milan (ITA). Das capitais europeias, gostou mais da espanhola. Mas na hora de escolher o prato, pediu a lasanha a bolonhesa. E um suco de laranja, por favor. 
Entre uma garfada e outra, sem falar de boca cheia, é claro, o jogador compara o futebol brasileiro, mais técnico, ao estilo europeu, mais tático. Comenta os problemas da seleção holandesa. De repente, repousa o talher e busca o celular. Estaria entediado? Não, preocupado. Faltava pouco tempo para o treino no Engenhão. Haja profissionalismo!
A mesma dedicação para com o futebol e seus projetos sociais foi perceptível na esfera familiar. Seedorf analisou o crescimento dos filhos, seus gostos e possíveis escolhas profissionais. Também abriu o jogo sobre algumas das suas e relembrou algumas curiosidades, como o espanto diante da China e seu quase 1,3 bilhão de habiltantes.
Terminamos a refeição, mas ainda conversamos mais uns minutos. O almoço teve quase a mesma duração da entrevista. Literalmente, um segundo tempo. Pude até falar sobre o que penso, minhas experiências profissionais e pessoais. Seedorf me tratou durante tudo isso como alguém do mesmo nível que ele. Nem acima, nem abaixo. Assim como o staff do restaurante, que fez questão de cumprimentar novamente na hora da saída. Um aperto de mão para cada. "Um abraço, Seedorf, bom treino, a gente se vê!", arrisquei. A resposta: "Com certeza!".
Tomara! 

Fonte-Lancenet
Juliano.Gouveia

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