terça-feira, 20 de novembro de 2012

Simples, barato e eficiente, estádio do Juventus tem sucesso imediato


Bom, bonito e barato. O chavão é batido, mas acaba sendo inevitável para definir o Juventus Stadium, nova casa da Velha Senhora e, incrivelmente, único estádio de posse de um clube na Série A do Campeonato Italiano. Os adjetivos se justificam. Bom por ser um legítimo caldeirão: desde a inauguração, em setembro de 2011, os donos perderam apenas uma partida, há duas semanas, para o Inter de Milão, e conquistaram o scudetto de forma invicta na temporada passada. Bonito pelo formato simples, moderno e ecologicamente correto. Barato por ter custado “apenas” cerca de R$ 318,5 milhões, valor que o colocaria como segunda arena mais barata na Copa de 2014, mesmo sendo construída do zero.
Palco do confronto com o Chelsea, nesta terça-feira, às 17h45m (de Brasília), pela quinta rodada do Grupo E, e que pode definir o futuro do Juve na Liga dos Campeões da Europa, o estádio conta ainda com outros fatores que comprovam o sucesso e modernidade do projeto. A começar pelo nome, que, apesar de parecer banal, é apenas temporário. O clube vendeu seus direitos, ainda no início das obras, para uma empresa de marketing esportivo. O local suporta ainda um shopping center e um amplo estacionamento, além de loja e museu do maior campeão italiano de todos os tempos.
novo estádio Juventus  (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)
Os scudettos, por sinal, foram responsáveis pelas primeiras mudanças na nova casa do Juventus. Com a conquista do 30º título nacional em maio deste ano, uma nova estrela teve que ser pintada nas arquibancadas, assim como mudanças onde estivesse estampado o distintivo do clube mais popular da Itália. No país, as estrelas são bordadas a cada dez conquistas da Série A – apenas Inter e Milan, com 18 cada, também possuem tal honraria.
Em nome dos ‘tifosi’
O custo dos estádios da Copa de 2014
Rio de JaneiroR$ 859,9 milhões
São PauloR$ 820 milhões
BrasíliaR$ 812,2 milhões
Belo HorizonteR$ 695 milhões
SalvadorR$ 591,7 milhões
ManausR$ 532,2 milhões
CuiabáR$ 518,9 milhões
FortalezaR$ 518,6 milhões
RecifeR$ 500,2 milhões
NatalR$ 417 milhões
Porto AlegreR$ 330 milhões
CuritibaR$ 183 milhões
Com 41 mil assentos, o Juventus Stadium foi construído basicamente para acabar com a insatisfação dos milhões de torcedores que nunca viram com bons olhos a mudança do antigo Estádio Comunale para o Delle Alpi, construído para Copa de 90. Apesar da maior capacidade – 67 mil – a distância provocada pela pista de atletismo nunca foi aceita e a média de público caiu drasticamente. Até que em 2006, três anos após comprar o local da prefeitura, a Velha Senhora revelou os planos para construção de uma nova casa. Mais um triênio se passou, e o palco da eliminação do Brasil no Mundial da Itália foi demolido para que as obras se iniciassem em seguida.
Pouco mais de dois anos foram suficientes para que o clube inaugurasse, em 8 de setembro de 2011, um lar que, de cara, cativou seu torcedor. Logo na estreia, em amistoso contra os ingleses do Notts County, time mais velho do mundo, os “tifosi” tiveram a certeza de que o problema estava resolvido: a fileira mais próxima do gramado estava a apenas 7,5 metros da linha de fundo, enquanto a mais distante a “só” 49 metros. A união entre time e torcida proporcionou uma temporada de estreia perfeita, com uma invencibilidade que durou até o 3 a 1 para Inter de Milão, no último dia 3.
Juventus Stadium (Foto: Getty Images)
Construído para os fãs, o estádio é também uma verdadeira ode à história do clube. Por onde quer que se passe, imagens de conquistas e nomes importantes estão espalhadas, desde painéis nas divisórias de níveis de arquibancadas até corredores mais simples. Entre as figuras de destaque, estão a dupla de franceses Michel Platini e Zinedine Zidane, o italiano Roberto Baggio, e, principalmente, Alessandro Del Piero. Jogador que mais vezes vestiu a camisa preta e branca - 705 vezes -, o atacante deixou o clube há quatro meses, após 19 temporadas, rumo ao futebol australiano.
Juventus arquivo jogo Mundial campeão (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)
As homenagens aos ídolos, entretanto, quase que em sua totalidade remetem o torcedor a conquistas. A maioria das imagens é atrelada a troféus, com destaque, inclusive, para os dois títulos intercontinentais, devidamente chamados de Mundial de Clubes. A atitude rebate a máxima de que europeus não dão importância para competição, principalmente na época em que era disputada em jogo único contra sul-americanos, como em 1985 e 1996, quando a Velha Senhora foi campeã.
Museu destaca títulos mundiais, bolas de ouro e 'Tragédia de Heysel'
O bimundial ocupa lugar de destaque no também aconchegante museu do clube. Com tour que dura em média 40 minutos e custa cerca de R$ 27, o local segue a linha simples e moderna do estádio. Sem extravagâncias, conta com uma sala onde está exposta a maioria dos muitos troféus conquistados em 115 anos de história, exibidos em flashes de luz de acordo com as imagens referentes em um telão.
Adiante, totens contam de forma objetiva a história da Velha Senhora desde a fundação, em 1º de novembro de 1897, até os dias atuais. Vale ressaltar, porém, que o destaque para inúmeras conquistas é inversamente proporcionalmente aos casos de manipulação de resultados que causaram o rebaixamento do clube, em 2006 - totalmente ignorados. Um ponto triste que não foi esquecido é a “Tragédia de Heysel”, ocorrida em 1985, em Bruxelas, na Bélgica. Um memorial leva o nome dos 38 torcedores mortos em confusão na decisão da Liga dos Campeões, vencida por 1 a 0, sobre o Liverpool.
Lippi e Trapatonni museu Juventus  (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)
A partida, por outro lado, é ignorada na lista dos 10 jogos mais importantes da história do clube. Monitores interativos permitem que o torcedor relembre os confrontos e, mais uma vez, o Mundial de Clubes chama a atenção, com a presença dos triunfos sobre Argentinos Juniors e River Plate, ambos em Tóquio.
Del Piero e Zidane no Juventus arquivo (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)
A interatividade faz parte também do espaço destinado aos lendários treinadores Marcelo Lippi e Giovanni Trapatoni. Com imagens em tamanho real, eles “dialogam” com torcedores e relembram momentos importantes de suas vitoriosas passagens por Turim. Mais adiante, os homenageados são os jogadores vencedores da Bola de Ouro pelo clube, e não foram poucos: nove no total, um recorde, com destaque para Platini, Cannavaro, Nedved e Zidane.
Por fim, um painel exibe orgulhoso marcas expressivas, como o de maior torcida da Itália, clube com maior número de jogadores campeões de Copas do Mundo (24), único pentacampeão italiano consecutivo, entre muitos outros. Em breve talvez mais uma esteja exposta por ali: a de especialista em mostrar ao mundo que é possível construir e colher frutos com um estádio bom, bonito e barato.
Juventus Stadium (Foto: Getty Images)

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