sexta-feira, 10 de maio de 2013

No jogo de patrocínio do surfe feminino, beleza é fundamental



A surfista brasileira Silvana Lima, duas vezes vice-campeã mundial, reclamou no início desta semana que havia ficado sem patrocínio para correr o circuito e lembrou que outras atletas do país estão na mesma situação. Silvana é só mais uma vítima de uma realidade que parece se abater mais sobre o surfe feminino que o masculino: para os patrocinadores, beleza é fundamental.

Segundo os próprios patrocinadores, a questão é profunda: o surfe não é apenas um esporte, mas um estilo de vida. E os surfistas amadores e consumidores estão em busca não apenas do melhor equipamento, mas também das roupas e acessórios que vão lhe fazer se sentir melhor e mais bonito.
Alana, heavy user de redes sociais, se tornou uma das surfistas mais populares do planeta Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Obviamente, o talento é o principal. Mas a 'marketibilidade' também conta muito. Isso não significa tão somente a beleza. Nós temos uma equipe bastante heterogênea. A Courtney Conlogue se destaca mais pela capacidade atlética, ela gosta muito de exercícios, a Keala Kennely tem um visual mais alternativo, e temos a Laura Enever que é mais ligada em moda, por exemplo", afirma a gerente de marca da Billabong Internacional, Megan Villa. "Mas é claro que todas elas são bonitas porque o surfe é um esporte e mulheres bonitas, gente bonita."
Loira e fisicamente atraente, a americana Lakey Peterson confirma a tendência que os patrocinadores têm de buscar a beleza. Aos 18 anos, ela nunca passou pela experiência que aflige Silvana Lima, mesmo não tendo resultados tão expressivos quanto os da surfista brasileira.
"Ser bonita, mas também aparentar confiança e ser sexy é definitivamente fundamental para conseguir bons patrocínios no surfe. Surfar bem também é importante, mas o que eles querem é que você se destaque. Se você é boa no surfe, mas também é reconhecida como uma mulher bonita e que se destaca, então é você que os patrocinadores querem", diz Peterson, patrocinada pela marca americana Hurley e com mais de 20 mil seguidores no Instagram. Ao lado de outras das beldades do surfe mundial, ela está no Brasil para disputar a etapa brasileira do circuito.
A realidade fica mais escancarada porque algumas meninas que disputam o circuito como Silvana e a compatriota Diana Cristina e Jaqueline Silva não possuem patrocínio, mas atletas que não estão entre as melhores conseguem apoio das marcas e estampam catálogos e anúncios publicitários. É o caso Cláudia Gonçalves, que protagoniza programa em um canal de TV a cabo e tem contrato com a Oakley, ou Bruna Schmitz, uma das garotas da edição anual de biquíni da Sports Illustrated, que usa material da Roxy.
Laura Enever, 18 anos, possui enorme potencial de marketing segundo patrocinadores Foto: Daniel Ramalho / Terra
A capacidade de chamar a atenção nas redes sociais também tem se tornado um fator importante. É por isso que musas como Alana Blanchard (mais de 543 mil seguidores), Laura Enever (mais de 51 mil), Sage Erickson (mais de 28 mil) e Anastasia Ashley (mais de 21 mil) acabam desfilando com os biquínis da marca dos patrocinadores diariamente em fotos no Instagram, Twitter e Facebook. Alana se tornou o grande exemplo de como uma bela surfista deve se comportar nas redes sociais. Todo dia tem uma foto dela em trajes sensuais na internet.
"As mídias sociais são um extra para o trabalho. Elas fazem isso naturalmente e acabam se destacando também no Instagram e no Twitter com fotos de como elas gostariam de ser retratadas. São elas mesmo que tiram as fotos e cada uma tem um estilo. Uma gosta mais de aparecer de biquíni, outra é mais na praia, enfim. E quem sabe usar melhor essas ferramentas, claro, acaba chamando a atenção dos patrocinadores", explica Megan Villa.
Além de surfistas, elas são modelos. E isso não parece incomodar quem tem um contrato de patrocínio para garantir as viagens pelo mundo não só para competir no circuito como para treinar nos melhores picos e fotografar nas praias mais paradisíacas.
"Eu acho, na verdade, que nós somos privilegiadas. Podemos viajar o mundo surfando e o trabalho de modelo complementa o trabalho", diz Laura Enever, cujo talento para a moda será visto também numa coleção que deve desenhar para a Billabong até o fim do ano.

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