quarta-feira, 5 de setembro de 2012

'Mudinho' na Arábia, Diego Souza curte vida nova sem esquecer Vasco


Chamado de 'Deigo Suaza' em 'chegada de Pelé' no aeroporto, meia do Al Ittihad sofre para se comunicar. Só é fácil quando fala com vascaínos...


Ao desembarcar no aeroporto de Jeddah sob festa monumental, há pouco mais de um mês, Diego Souza percebeu o quanto uma estrela do futebol brasileiro pode viver os seus momentos de Pelé na Arábia Saudita. Conhecido pelos torcedores por seus belos gols - acessíveis a qualquer um com internet -, ele também viu que a fama não foi o suficiente para evitar uma pequena gafe. No meio da multidão, Diego virou "Deigo Suaza" em um cartaz, num erro que ilustra a dificuldade dos árabes com a nossa língua. Para o jogador do Al Ittihad e tantos outros brasileiros que por lá se aventuram, o sentimento é recíproco.

Diego Souza em sua apresentação no Al Ittihad: gestos para driblar a língua (Foto: Reprodução / Site Oficial)
Morando em um condomínio dedicado a estrangeiros - logo, com menos burocracias -, Diego aguarda a chegada da esposa Luciana e dos filhos David e Manuela ainda nesta semana. Ao lado do pai Marco Aurélio, ele tenta se virar como pode, já que o inglês tampouco é solução. Por enquanto, comunicar-se só com a ajuda do tradutor (o técnico do time é o espanhol Raúl Caneda). Ou na base da mímica, principalmente para auxiliar as danças nas comemorações dos gols, como no "Trem Bala da Colina".
Brasil Mundial FC

Assista a vídeos da chegada de 'Deigo Suaza' à Arábia Saudita
Na estreia, Diego Souza dá duas assistências em vitória do Al Ittihad
Veja primeiro gol de Diego, com direito a bandeira do Brasil na arquibancada

- Estou tranquilo, conseguindo me adaptar, mas a cultura é totalmente diferente. A dificuldade para falar e se comunicar é imensa. Falo muito pouco o inglês. Eles, quase nada. E aí tem que falar árabe. O tradutor do clube me ajuda um pouco nisso, mas é espanhol por conta do treinador. Escrever, então, é pior: escrevem da direita para a esquerda, é ao contrário. É complicado até para explicar o caminho para o meu motorista. Tenho internet no celular, mas ele não entende o tradutor. Falam muito rápido e não param nunca (risos).

- Pelo menos eles gostam de dançar bastante aqui, até pela cultura. Estão na fase agora do "Ai Se Eu Te Pego". Não sou muito fã, não, e na época do Vasco era o Fellipe Bastos que comandava.

Vasco via Skype

Alecsandro é um dos grandes amigos de Diego
Souza no Vasco (Marcos Alves / Agência O Globo)
Para Diego, porém, as coisas ficam muito mais fáceis quando toca o celular e a chamada vem direto do Rio de Janeiro, mais precisamente do vestiário do Vasco em São Januário. Não são poucos do outro lado da linha para colocar o papo em dia.

- Alecsandro, Rodolfo, Eduardo Costa, Carlos Alberto, Dedé, Fellipe Bastos... Ainda falo com todos com os caras lá. São 6h de diferença no fuso, às vezes eles estão no treino e eu em casa e me chamam para conversar no skype. É difícil em um ano e meio construir grandes amizades. Tive esse privilégio.

A relação com o Vasco vai além da amizade. Na Arábia, Diego tenta na medida do possível assistir aos jogos e torcer pelo clube que o acolheu desde 2011. Não é das tarefas mais fáceis, ainda mais na recente fase: nos últimos seis jogos o time cruz-maltino acumulou uma vitória, um empate e quatro derrotas. Ele sabe que faz falta.

- Até hoje eu sofro. Coloco na internet, TV Online, no Globoesporte.com. Como a comunicação é mais fácil eu fico sabendo rápido. O time caiu de rendimento nesse fim de turno e início de returno, mas conseguimos uma vitória importante contra a Portuguesa. Se tudo der certo o Vasco seguirá brigando pelo título.
Cartazes no aeroporto chamam Diego Souza de 'Deigo Suaza' (Foto: Reprodução / Twitter)
Paixão árabe

Com a camisa 10 do Al Ittihad, Diego Souza já fez gol e também distribuiu assistências. As atuações têm empolgado a torcida que, segundo o próprio, tem lotado até treinamentos - quando abertos, é claro.

Diego Souza com novos amigos em Jeddah
(Foto: Reprodução / Twitter)
- Aqui eles são apaixonados por futebol, fissurados mesmo, amam o clube de maneira incrível. Vão a todos os jogos, o treino está sempre cheio. Alguns são liberados e enchem bastante. É totalmente diferente dos Emirados, onde não tem muito público. Lá eles vão mais a jogo. Aqui é bem parecido com o Brasil, a torcida canta muito.

O fato de a atmosfera lembrar sua casa não diminui a saudade. Diego ainda sente falta do feijão, da família, da rotina...

- Você abandona a maioria das coisas, tem que abrir mão. Sou do Rio de Janeiro, estou sem minha mãe, minha filha que completou 7 meses no dia 1º e não a vejo desde que viajei. Quando a família estiver aqui tudo vai se normalizar e ficar mais tranquilo. Agora fico na ansiedade. Aqui tem praia, shopping, um restaurante que dizem que é brasileiro (risos). Estou esperando o feijão, macarrão... Vivo num lugar para estrangeiros, mas tenho ficado mais em casa mesmo - contou o jogador, que ainda tem três anos de contrato com o Al Ittihad.

Até lá, Diego espera já ter aprendido a língua local e recebido alguns agrados pelo seu desempenho.

- Ganhar presente é sempre bom. Seria bem-vindo (risos).

Por Victor Canedo Rio de Janeiro

Felip@odf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Notícias anteriores