terça-feira, 23 de outubro de 2012

PRÉ-JOGO BATE Borisov x Valencia


Quando Renan Bressan marcou o terceiro gol do BATE Borisov sobre o Bayern de Munique, há três semanas, garantindo a vitória por 3 a 1 da equipe bielorrussa pela Liga dos Campeões, o triunfo não foi apenas no campo. O resultado mostrou que, mesmo numa época em que os milhões de euros criam superequipes de uma temporada para outra, ainda é possível ser competitivo apostando em jogadores locais, estrutura e estabilidade financeira, numa filosofia parecida com a utilizada pelo Barcelona - mas com recursos muito mais escassos.
Líder do Grupo F do principal torneio de clubes da Europa, com 100% de aproveitamento em dois jogos, o BATE Borisov põe à prova seu conto de fadas nesta terça-feira, contra o Valencia, em casa – no outro jogo da rodada, o Lille recebe o Bayern de Munique. Enfrentando o outro peso-pesado da chave, o time bielorrusso tentará confirmar uma evolução que vem desde 1996, quando o clube ressurgiu, após 15 anos inativo, pelas mãos de Anatoli Kapski, dono de uma fábrica de peças para tratores em Borisov.

Renan Bressan, Bate Borisov (Foto: Getty Images)
A partir de então, o BATE conquistou oito títulos nacionais – o primeiro veio em 1999, e o clube venceu as últimas seis edições, desbancando o tradicional Dinamo Minsk - e disputa a fase de grupos da Liga dos Campeões pelo segundo ano consecutivo.
Ao contrário dos rivais das vizinhas Ucrânia e Rússia, que contam com donos bilionários, o clube tem um orçamento para 2012/2013 de apenas €6 milhões (R$15,8 milhões), sem contar o dinheiro da Liga dos Campeões, já que a participação não era garantida no início da temporada – como comparação, o Bayern de Munique, última vítima, gastou €40 milhões (R$ 105 milhões) apenas na contratação do volante Javi Martínez.
Planejamento exemplar e foco na base
Hleb, Bate Borisov (Foto: Agência Reuters)
Em vez de torrar o dinheiro de suas participações em torneios europeus com grandes nomes, o BATE adotou outra estratégia. Além de dar espaço a jovens promessas - 10 atletas da base compõem o plantel profissional -, o clube estabeleceu uma eficiente rede de olheiros, capaz de encontrar na pequena Bielorrússia, cuja população é de cerca de 9 milhões de pessoas, jogadores talentosos o suficiente para integrarem o principal time do país. Como resultado, nove atletas da equipe apareceram na última convocação da seleção local.
O brasileiro Renan Bressan, que se naturalizou bielorrusso no ano passado, é um exemplo. Ele chegou ao país em 2009, se destacou pelo Gomel e logo foi contratado pelos atuais campeões. Hoje, crê que a agremiação pode evoluir mais.
- Acredito que daqui a uns dois anos o BATE pode chegar ao nível de outros grandes clubes do Leste Europeu. O clube cada vez mais melhora a estrutura, cresce todo ano. Hoje, tem dois campos oficiais, um hotel simples, mas confortável, academia nova...Acho difícil algum time da Bielorrúsia nos superar – afirmou o meia ao GLOBOESPORTE.COM.
Entretanto, o brasileiro advertiu que, se o BATE quiser voos maiores na Europa, será necessário investir mais no plantel. Atualmente, o principal jogador é o meia-atacante Aliaksandr Hleb, revelado pelo clube, mas que já teve passagens por Barcelona e Arsenal.
- O clube não é tão rico ainda, então investe em jogadores nacionais. Tem dado resultado, mas, se tiver ambição maior em torneios europeus, terá de contratar jogadores mais experientes, com mais nome.
Anatoli Kapski, presidente do BATE Borisov (Foto: Reprodução)
Cartola é estrela no clube
Ao que parece, o presidente do BATE, Anatoli Kapski, discorda de Bressan. No atual elenco, além do brasileiro, há apenas três estrangeiros: o atacante Maycon, outro representante canarinho, o meia armênio Zaven Badoyan e o zagueiro sérvio Marko Simic. O mandatário, aliás, é tido como o grande responsável pela evolução do clube.
- Kapski é a figura central na boa organização do clube, que é a chave para o sucesso do BATE. Eles têm os melhores jogadores bielorrussos no plantel. Até mesmo os reservas seriam estrelas nos outros times – diz o jornalista Timofey Zinoviev, do site “Football.by”.
Bressan concorda com Zinoviev e revela a relação próxima de Kapski com os atletas.
- Ele cobra muito do time, mas dá toda a estrutura possível e não atrasa os salários, paga todos os prêmios em dia. Antes, ele frequentava treinos, dava opinião na escalação do time, mas, hoje, dificilmente aparece. Acompanha o time em todos os jogos e, depois da partida, sempre entra no vestiário para conversar.
Novo estádio nos planos
O BATE, porém, ainda tem um longo caminho a percorrer para continuar crescendo na Europa. Um dos problemas imediatos diz respeito a seu estádio, cuja capacidade é de apenas 5,4 mil pessoas. Por conta disso, o time manda suas partidas pela Liga dos Campeões em Minsk. Entretanto, já começou a construção de uma nova arena em Borisov, que deve ficar pronta em 2013.

Bate Borisov (Foto: Agência Reuters)
Além disso, Kapski continua investindo na estrutura do clube. A ideia é erguer um novo centro de treinamento, além de um espaço apenas para as divisões de base, em Smolevichi, cidade entre Minsk e Borisov.
Influência espanhola
A filosofia do BATE tem bastante influência de clubes espanhóis. Enquanto a valorização da base pode lembrar o Barcelona, os bielorrussos também estabeleceram boas relações com o Villarreal, após enfrentarem o Submarino Amarelo em 2007 - o atual técnico, Vitor Goncharenko, chegou a fazer intercâmbio com Manuel Pellegrini quando o chileno estava no time ibérico.
Além disso, o clube contratou diversos profissionais espanhóis. Hoje, dois deles fazem parte da comissão técnica do BATE: o preparador físico José Pastor Verchilli e o fisioterapeuta Daniel Sáez Irrure.
Resta saber, agora, até onde o BATE pode replicar o sucesso dos espanhóis na Europa. Por ora, uma classificação para as oitavas de final da Liga dos Campeões seria para os bielorrussos o mesmo que a conquista do torneio pelo Barcelona.
Fonte:Globo Esporte 

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