segunda-feira, 21 de maio de 2012

Opinião: O Guerreiro Herrera


O argentino Herrera, demonstrando a garra que lhe é peculiar,  faz três gols e lava a alma botafoguense



OPINIÃO

A tão cobrada falta de personalidade do time do Botafogo em momentos decisivos, como as que ocorreram, mais uma vez, na semana passada, estava incomodando.
Foram três jogos pra esquecer. Com o lateral Lucas expulso, fomos facilmente batidos pelo Fluminense na primeira partida válida pelas finais do Campeonato Carioca 2012 que decidiu o título à favor do tricolor. Três dias depois, nova tragédia. O Botafogo foi vergonhosamente eliminado da Copa do Brasil, diante do Vitória, com outra expulsão de Lucas. Nem mesmo o bom resultado colhido em Pituaçu, com cinco desfalques na equipe, serviu como motivação no jogo de volta.

Na segunda partida, o time se mostrou inexplicavelmente apático e foi derrotado no Engenhão, sem mostrar um mínimo de vontade de vencer o jogo e reverter a situação desfavorável que se prenunciava após o empate de 1 a 1 diante de sua torcida.

Nesse domingo, na estreia do clube no Brasileirão 2012 contra o “todo poderoso” e auto suficiente São Paulo, time paulista de um vociferante Leão, lavamos a alma. O time paulista vem passando de fases na mesma Copa do Brasil com certa facilidade, o que credenciava como "osso duro de roer", Mas os deuses queriam que as glórias ficassem com o Glorioso e a Personalidade, com “P” maiúsculo do Botafogo foi resgatada. E o nome dessa personalidade é Herrera.

Gol do Herrera - Botafogo x São Paulo (Foto: Cléber Mendes)


Herrera brilhou contra o São Paulo (Foto: Cléber Mendes)

O instinto guerreiro do argentino, que tem como principais características a perseverança e a raça, encarnou um personagem determinado, daqueles que não desiste nunca, que o levou a protagonizar um dia de glória pra sua carreira e pra todo o grupo de jogadores, alavancando, dessa maneira, o moral um tanto combalido do time. 


Sua atuação histórica e decisiva é digna de todos os elogios e foi muito comemorada pelo técnico Oswaldo de Oliveira após o jogo.


Herrera entrou no intervalo substituindo o capitão Loco Abreu, incendiou o jogo e levou o time à reação numa virada pra ficar na história, marcando três gols.

Botafogo vira pra cima do São Paulo, Herrera faz três gols




A entrada do Guerreiro foi decisiva não só pelas suas qualidades individuais de luta, mas também por ter oferecido alternativas de jogadas aos homens de armação, em especial a Vitor Junior que mostrou categoria em grande parte da partida, com chutes fortes a gol e cobranças de falta como a que resultou no gol da virada, após desvio na barreira. O jogador passa a ser uma ótima opção na armação de jogadas pelo meio, justamente na faixa de campo onde joga Andrezinho.


Osvaldo teve o mérito na substituição ao enxergar a deficiência do time no ataque, que concentrava as jogadas num Loco Abreu apático, estático e com baixo aproveitamento nas poucas bolas que recebeu pelo alto. O treinador mostrou ter o comando do grupo ao mexer na peça mais emblemática do elenco, com riscos de ser contestado caso fracassasse nas suas intenções. Sem contar que o uruguaio é tido como um cara de personalidade forte, mas também consciente de sua condição atual ao voltar ao banco já de banho tomado.



A briga vai ser boa, lembrando que o Elkeson foi merecidamente barrado após seu baixo rendimento nos jogos que disputou nessa temporada, não figurando nem como opção nas substituições realizadas pelo treinador.

As imagens de Botafogo 4 x 2 São Paulo (Foto: Paulo Sérgio)


Oswaldo se exaltou na partida contra o
São Paulo e foi expulso (Foto: Paulo Sérgio)
Pelas declarações de Oswaldo, que se desculpou frente à comunidade esportiva pelo destempero que protagonizou ao ser expulso de campo pelo árbitro do jogo, o “GueHerrera” não tem vaga garantida na próxima partida, contra o Corínthians, apesar da atuação brilhante nesse jogo. Elogiou também El Loco por suas qualidades e características especiais, que hoje não serviram ao time. É esperar para ver o que vem por aí.

Um aspecto curioso ao final da partida deve ser ressaltado. Ao ser interpelado pelo repórter da Globo sobre que música pediria no Fantástico pelo três gols marcados, nosso Herrera, com a simplicidade que lhe é peculiar, disse que não pediria música nenhuma e que não dava importância para isso, deixando o repórter sem ter o que falar. Até mesmo o narrador Cléber Machado sentiu o golpe. 


Fato semelhante já havia acontecido com El Loco, que ironizou a brincadeira do “Inacreditável Futebol Clube” do Sportv, chamando-a de ridícula. Está decretada, dessa forma, o fim dessa história de musiquinha e tal com los hermanos alvinegros. 


A se lamentar, somente o fato de que um espetáculo dessa magnitude proporcionado pelos dois times tenha sido visto por pouco mais de 7.000 presentes no Engenhão. A torcida, por um motivo ou por outro, não compareceu: paciência e aguardar os acontecimentos.

São as minhas considerações sobre uma tarde-noite memorável para o Glorioso Fogão e para seus sofridos e desconfiados torcedores.

Imagens: Lancenet

Texto e montagem: Felip@odf/BotafogoDePrimeira

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