quinta-feira, 26 de julho de 2012

Atacante revelado na Copa Kaiser perde chance de jogar com Neymar por fama de brigão


Rildo tenta agredir o árbitro Cláudio Francisco Lima e Silva em 2011
Rildo tenta agredir o árbitro Cláudio Francisco Lima e Silva em 2011
Rildo é um atacante de 23 anos, rápido e driblador. Último jogador a deixar a Copa Kaiser, a principal competição do futebol amador de São Paulo, para jogar a primeira divisão do Campeonato Brasleiro, ele poderia estar, atualmente, defendendo Santos. Mas a fama de brigão acabou com o sonho.

CRAQUE DO TERRÃO

Ponte Preta
Na várzea tem muito jogador que poderia dar certo no profissional, mas não teve cabeça. Esse meio tem muita bebida, muita droga e muita gente se perde no meio do caminho
Rildo, sobre o futebol de várzea
No dia 30 de julho, atuando pelo Vitória, ele levou um cartão amarelo no duelo contra o Boa, pela Série B. Revoltado, tentou chutar o árbitro da partida, Claudio Francisco Lima e Silva. Foi expulso e ainda levou um gancho do STJD: ficou três meses suspenso.
“Ele não gosta muito de falar sobre esse assunto. Sabe que errou e, na mesma semana, pediu desculpas ao árbitro. A punição foi pesada, mas ele aceitou. Mas a fama fica. Nesse ano, o Muricy (Ramalho) chegou a indicá-lo para o Santos, mas esse episódio acabou pesando e a contratação não saiu”, lamenta o empresário Pitico, que descobriu o atacante no futebol de várzea.
Sem negócio com o Santos, ele acabou em Campinas. A Ponte Preta resolveu apostar no jogador após um bom primeiro semestre. No novo clube, Rildo se tornou a segunda revelação da Copa Kaiser a jogar o Brasileirão de 2012. O outro é o centroavante Leandro Damião, do Internacional e da seleção brasileira, que passou pela Kaiser em 2007, defendendo o Estrela da Saúde.
A história de Rildo no futebol de várzea começou em 2008, quando ele era a grande estrela do Noroeste da Vila Formosa. Pelo time, tradicional da zona leste de São Paulo, ele marcou cinco gols no campeonato e só não foi o artilheiro do time porque não jogou todas as partidas – o parceiro Osni fechou o torneio com seis gols.
“Naquela época, eu estava fazendo muitos testes. Jogava uma partida, duas, ia viajar”, lembra. Em um dos jogos do Noroeste em que ele estava em quadra, a sorte mudou. Pitico trabalha no futebol há 20 anos e, em 2009, resolveu dar uma olhada no jovem atacante do Noroeste que era um destaque. Foi até o campo do Nacional, na Comendador Souza, para observar Rildo. E gostou do que viu.

DAMIÃO, ELIAS E RICARDO OLIVEIRA: REVELAÇÕES DA COPA KAISER

Leandro Damião: Jogou a Kaiser de 2008 pelo Estrela da Saúde e rodou times da Zona Sul até chamar atenção do futebol catarinense. Jogou no Atlético Ibirama antes de ser contratado pelo Inter. Está disputando a Olimpíada.
Elias: Estava deprimido após passagem frustrada pelo Náutico e defendeu o Leões da Geolândia em 2006. Se recuperou e foi contratado pela Ponte. De lá, foi para o Corinthians e hoje joga no Sporting, de Portugal.
Ricardo Oliveira: Primeira grande revelação da Kaiser, disputou o torneio em 1999, pelo Estrela Vermelha da Vila Nivi. No ano seguinte, já estava na Portuguesa, trampolim de sua ascensão. Hoje, está no futebol do Oriente Médio.
“Depois do jogo, ele veio conversar comigo e logo nos acertamos. Fui primeiro para o Fernandópolis, depois para a Ferroviária. Ajudei no acesso à segunda divisão e então apareceu o Vitória”, conta Rildo. “Quando surgiu o interesse da Ponte, não dava para falar não. Era a chance de voltar a ficar perto da família”.
O atacante voltou a ficar perto, também, do Noroeste. Sempre que tem folga aos domingos, ele aparece nos jogos da Copa Kaiser para acompanhar os amigos. “Eu fui criado no bairro, conheço todo mundo. Sempre que posso, acompanho. Tenho um carinho especial. Foi jogando pelo Noroeste que apareceu a chance de virar profissional”.
Fonte: Uol
Erly Souza

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