Líder, invicta e agora com o sabor de ter batido o seu arquirrival. Diante de bom público - anunciado de 3.396 pagantes, mas que aparentava ser de uns 4.500 -, a Desportiva Ferroviária venceu o Rio Branco-ES por 2 a 1 na tarde deste sábado, em bom jogo no Engenheiro Araripe. Assim, manteve a ponta isolada do Campeonato Capixaba após cinco rodadas. Os gols foram de Léo Oliveira e Carlos Vitor, para a Tiva, ambos no primeiro tempo, e de Tiago Moura, para o Rio Branco, na etapa final.
Com o resultado, a Desportiva não só continua na liderança da competição, com 13 pontos, três a mais que o vice-líder Aracruz, como aumenta a pressão sobre o Alvinegro, que perdeu sua invencibilidade e não vence a quatro jogos. O Rio Branco segue com seis pontos, em sétimo lugar, e já é bastante contestado por parte da torcida rio-branquense.
Apesar da distância na classificação, foi uma vitória conquistada com certo sufoco no final, pois após um primeiro tempo excelente dos grenás, o time acabou recuando. Em parte, forçado pelo ímpeto capa-preta de reduzir o marcador. Mas resistir à pressão não deixou de comprovar a maturidade da Desportiva.
Quando precisou abandonar seu esquema tradicional, com três meias - responsável direto pela vantagem aberta na etapa inicial -, os ferroviários não se desesperaram. O artilheiro David Dener, dessa vez, não marcou, mas reteve a bola de forma inteleigente nos momentos finais, assumindo um papel menos "glamouroso", mas, diante das circunstâncias, de extremo valor.
Próximos jogos
O Rio Branco-ES volta a campo na próxima quarta-feira, dia 27 de fevereiro, às 15h, quando recebe o Linhares, no Engenheiro Araripe, pela 6ª rodada do Campeonato Capixaba 2013. Já a Desportiva Ferroviária só volta a jogar pelo Estadual no sábado que vem, dia 02 de março, contra o Estrela, também no Araripe, às 15h, já pela 7ª rodada. Isso porque o time grená tem compromisso pela fase preliminar da Copa do Brasil na próxima quarta-feira, dia 27, contra o Atlético-AC, na Arena da Floresta, em Rio Branco (AC) a partir das 20h (horário de Brasília-DF).
Entrosamento grená faz a diferença
O dito e repetido entrosamento da Desportiva pôde ser constatado desde os primeiros minutos. Se no Rio Branco-ES, ainda busca-se um “onze” ideal, do lado grená cada um sabe exatamente qual a sua função em campo. Seja na recomposição defensiva, seja no movimento de ataque, tudo acontece com mais naturalidade. A aplicação prática dessa teoria rendeu um gol cedo, logo aos sete minutos. Na trama, Léo Oliveira esticou bola de cabeça na direita; do fundo, o lateral Renatinho cruzou rasteiro para trás; David Dener escorou, feito um pivô, e Léo Oliveira chegou batendo, com a parte externa do pé. Henrique mal viu ela entrar no seu canto esquerdo. Belo gol. Tiva 1 a 0. Na comemoração inovadora, Léo foi cercado por seus companheiros de linha, que se jogaram no gramado após o camisa 10 atirar a bola para o alto. Em meio à festa adversária, coube a Victor Juffo recolher a bola e pô-la no centro do gramado.
O jogo seguiu mais ou menos equilibrado, mas com o Rio Branco errando alguns passes bobos. A Desportiva parecia aguardar uma nova boa brecha para aumentar o marcador, sem afobações. A chance veio aos 30 minutos e não foi desperdiçada. Na intermediária ofensiva, o meia Carlos Vitor aproveitou-se de um “cochilo” do volante Luiz Felipe, que passou o fim da temporada passada sem jogar devido a uma lesão, e ainda não parece com o ritmo ideal para um clássico. Carlos Vitor tomou-lhe a bola e serviu David Dener, que bateu cruzado. No rebote do goleiro Henrique, Carlos Vitor chegou antes dos zagueiros e só cutucou para o gol vazio: 2 a 0.
Chances desperdiçadas dos dois lados
Jogadores se jogam no gramado para comemorar primeiro gol grená (Foto: Bruno Marques)
O terceiro gol quase saiu aos 35 minutos, quando Victor Juffo recuou mal, nos pés de Carlos Vitor, que abriu na direita para Flávio Santos invadir a área e chutar cruzado. A bola passou rente à trave esquerda. Os grenás teriam outras duas boas chances ainda na primeira etapa. A primeira foi aos 44, numa boa falta de Helder, que entraria no ângulo se Henrique não espalmasse. A segunda foi aos 45 minutos, quando David Dener invadiu pelo centro, livre, mas demorou a bater e permitiu o corte de Hycaro, de carrinho.
O Rio Branco-ES não era exatamente omisso, mas não conseguia ameaçar o goleiro Felipe. Os dois meninos que voltaram do empréstimo ao sub-20 do São Paulo, o meia Victor Juffo e o atacante Tiago Moura, buscavam jogo constantemente. Joãozinho, terceiro homem de meio-campo, estava meio apagado. Mas quem não pegava na bola mesmo era Faioli, o centroavante. Ele só apareceu aos 37, quando cobrou falta, e bem, por sinal. Seu chute quase acertou o ângulo. No minuto seguinte, Tiago Moura girou sobre a marcação de Renan e bateu, mas na rede pelo lado de fora.
Arbitragem, confusa, anula um gol de cada lado
Para muitos, ameaçado no cargo, o técnico Erich Bomfim ousou na volta do intervalo. Meteu o atacante Hítalo na vaga do volante Luiz Felipe. O efeito imediato foi a exposição do time na defesa. A Desportiva faria, inclusive, seu terceiro gol, com Léo Oliveira, de cabeça, aos cinco minutos, mas o lance seria anulado, após marcação contraditória do árbitro Marcos André Gomes. Ele havia gesticulado ao “bandeira” que havia visto sua sinalização, mas que não havia considerado irregularidade.
Após validar o gol, o árbitro, porém, foi ouvir o testemunho do assistente e voltou atrás, anulando tudo. Pareceu errar, já que na origem da jogada, o passe que teria implicado no impedimento grená foi de um jogador do próprio Rio Branco. O time alvinegro também teria um gol anulado, aos 13, e de forma duvidosa. A posição irregular do atacante Hítalo, que foi lançado por Tiago Moura e bateu firme, no canto, não foi tão evidente.
Capa-preta pressiona após expulsões
Torcida da Tiva esteve em maior número contra o
Rio Branco-ES (Foto: Bruno Marques)
A essa altura cada time já tinha um atleta expulso. Aos 10, o zagueiro grená David e o atacante capa-preta Faioli se desentenderam. Formou-se o “bolo”, e após muito empurra-empurra, os dois receberam vermelho. Na Desportiva, Thiago recuou da cabeça de área para a zaga. Para recompor a marcação no meio, o técnico Mauro Soares pôs Carlos Alberto, sacando o meia Léo Oliveira. A proposta era não dar espaços e tentar controlar o jogo sem se expor.
No Rio Branco, o contrário. Mesmo com dez jogadores em campo, Erich manteve o time no ataque, com somente um volante. Depois das três mexidas, o Alvinegro ficaria também com um volante (Ramon) na lateral-direita e um meia (Andrezinho) na esquerda. Seja como for, a ideia era partir com tudo. O prêmio veio aos 19. Joãozinho deu excelente lançamento para Tiago Moura. O atacante pôs na frente, mas viu Renatinho chegar na cobertura, protegendo a bola. Não o suficiente. Tiago esticou-se todo e com a ponta da chuteira empurrou para a rede. O goleiro Felipe, que saía da meta, estava batido: 2 a 1. Aí, o Rio Branco ganhou confiança e passou a ter amplo domínio territorial.
Grenás seguram vitória, na base da experiência
A Desportiva foi sendo imprensada. As mexidas, meio por necessidade, meio por opção, desmontaram justamente o ponto forte dos grenás: sua trinca de meias. Nos 15 minutos finais o time já estaria sem Carlos Vitor, Léo Oliveira e Flávio Santos, todos substituídos. O artilheiro David Dener, quando recebia bola, buscava mais segurá-la do que arrematar a gol. No fim, funcionou. A Desportiva teve alguma posse de bola nos minutos finais, viu sua torcida até gritar olé e sustentou o resultado, que não foi de goleada como nas rodadas anteriores, mas tem peso de uma. Final: 2 a 1.
GE