Nos poucos mais de três anos de carreira profissional, Neymar
acostumou-se a ser artilheiro. Foi assim, por exemplo, com o Santos, na
Copa Libertadores do ano passado e no Paulistão deste ano. Nos dois
casos terminou como o máximo goleador das competições. O mesmo ocorreu
com a Seleção Brasileira no Sul-americano sub-20 do ano passado, torneio
que classificou a equipe para os Jogos Olímpicos e do qual foi eleito o
melhor jogador. Porém, agora, às portas da possibilidade de conquistar
um inédito ouro para o Brasil, o atacante experimenta uma outra faceta, a
de assistente.
Nos cinco jogos que conduziram a equipe
brasileira até a decisão do próximo sábado, o camisa 11 até fez três
gols, um de cada maneira: cabeça, pênalti e falta. Porém, ele tem
deixado para Leandro Damião, o artilheiro do torneio, a missão de
estufar as redes com mais frequência. O seu papel maior tem sido mesmo
de "servir os companheiros", como reza a expressão utilizada desde
sempre pelos boleiros. Contra a Coreia do Sul, na semifinal, o atacante
não fez nenhum, mas participou de todos os três gols da vitória verde e
amarela. As jogadas fantásticas, como as dos gols contra o Flamengo, no
Brasileiro do ano passado, e ante o Internacional, na Libertadores deste
ano, ficaram um pouco de lado.
-
Sempre dei assistências nos jogos pelo Santos e pela Seleção. Estou
jogando o meu futebol normal. Ajudar a Seleção a chegar numa final de
campeonato é um prazer, um orgulho - declarou o atacante um pouco depois
da partida contra os sul-coreanos, no Old Trafford, em Manchester.
No
caso, Neymar foi o de sempre ao dizer que não vê nada de diferente. Mas
o técnico Mano Menezes não enxerga da mesma maneira e detecta a novo
jeito de o atacante exibir seu futebol, com passes para outros jogadores
complementarem as jogadas. O treinador, em uma resposta longa, explicou
o processo de "equilíbrio" pelo qual vem passando o jovem atleta de
apenas 20 anos.
- Falei tempos atrás, e não fui muito bem
compreendido em terras nacionais, que a necessidade te obriga a
encontrar outras soluções. Jogar com equipes que não te oferecem tantos
espaços obrigaria o Neymar a se comportar de maneira diferente. Não é
possível colocar o pé em cima da bola e esperar dez segundos
sempre, não
é possível. Quando se parte para o drible, o que é muito bonito, você
reduz a sua capacidade de passar porque você já fez a escolha. Achar o
equilibrio disso torna um jogador melhor ainda. O Neymar dribla em
velocidade, tem capacidade de dar assistências, é um dos maiores
goleadores que surgiram recentemente, gostar de jogar, tem personalidade
para atuar em momentos difíceis. Tem virtudes que só vai desenvolver
mais e mais.
Contra Honduras, nas quartas de final em Newcaste, o jogador foi bastante vaiado pelo público local a partir do meio do primeiro tempo, quando sofreu falta do jogador Crisanto e o hondurenho foi expulso. O episódio repetiu algo ocorrido em amistoso contra o Reino Unido, uma semana antes do início dos Jogos, quando a torcida teve o mesmo tipo de comportamento. O jogador disse que as vaias não o incomodam e que ele seguirá jogando o mesmo futebol com incentivos ou críticas.
O atacante buscará, no próximo sábado, às 11h de Brasilia (15h locais), em Londres, levar o Brasil à sua primeira medalha dourada no futebol olímpico. Caso consiga, ele terá em seu currículo algo que jogadores importantes tentaram nas últimas décadas em vão, casos de Romário, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho.
Fonte-Lancenet
Juliano.Gouveia
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