Uma chuva incessante acompanhava o treino da Seleção Brasileira no CT do Arsenal,
na tarde desta quarta, em Saint Albans, quando os jornalistas,
espremidos embaixo de um pequeno e improvisado toldo, notaram a
movimentação de um grupo de homens com jaquetas do Arsenal. Pois um
deles, com o gorro protegendo a cabeça do aguaceiro, logo foi
identificado. Era o técnico francês Arsène Wenger, que acompanhava com
os olhos fixos o trabalho de Mano Menezes com os jogadores.
Ao
notarem a aproximação de alguns repórteres e cinegrafistas, os
"assistentes" de Wenger, inquietos, começaram a avisar que ele não
falaria com a imprensa. Na hora em que as cãmeras foram acionadas, o
"eterno" comandante dos Gunners (está à frente do time há 16 anos), até
soltou um pequeno sorriso, mas logo voltou a prestar atenção no campo. A
reportagem do LANCENET! questionou um dos "homens de
Wènger" sobre a possibilidade de o treinador "dar uma palavrinha" sobre
Neymar e recebeu como resposta um monossilábico "tomorrow" (amanhã, em
inglês).
Wènger, que atua como um manager no Arsenal e é
famoso por recrutar jovens talentos para a equipe, parecia pouco à
vontade com aquela multidão de jornalistas no local. A explicação é
simples: o clube não costuma abrir treinos para a imprensa, algo que se
repete nos outros clubes londrinos. Mas o técnico provavelmente estava
ali para observar alguns jogadores, ainda mais porque a equipe é
olímpica, onde prevalecem atletas abaixo de 23 anos.
Após o
treinamento, quando Mano Menezes saia do campo a reportagem tentou falar
com ele sobre a presença do colega de profissão. O técnico, porém,
manteve a expressão fechada, deu uma olhada rápida e seguiu em linha
reta.
Sonho nigeriano
Enquanto
Wènger assistia ao treino com "olhos de cobiça", um rapaz esperava
plantado na frente do enorme portão do centro do Arsenal na esperança de
encontrar o francês, O nigeriano Demmi Okola, de 24 anos, nunca jogou
bola profissionalmente e nutre a ideia obsessiva, como ele mesmo define,
de atuar com o treinador no Arsenal.
- Já tentei entrar no clube,
mas me barraram. Eu não vou desistir, é meu sonho. Vou seguir aqui -
contou, exultante, após saber da reportagem que Wènger havia acompanhado
os treinos do Brasil.
Há quatro anos morando em Londres, Dammi diz que já foi diversas vezes ao clube inglês e seguirá indo até lá até conseguir. E quando ouviu que o técnico estava observando jogadores brasileiros, declarou:
- Ele precisa olhar os nigerianos!
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