Até parece um roteiro de filme, mas não é. O brasileiro Henrique
Pelosi está fazendo uma viagem de quase 15 mil quilômetros com um carro
popular, da Inglaterra até a Mongólia, com mais três pessoas que o
conheceram por meio da internet. Tudo faz parte do Rali da Mongólia,
evento beneficente que existe desde 2004. A largada aconteceu no dia 14
de julho e os participantes tem até o dia 24 de agosto para chegar na
Mongólia.
- Conheci esse rali através de um amigo canadense que
postou um vídeo no facebook dele. Eu vi e, naquela hora, achei uma ideia
muito legal e fui ver como que funcionava. Vi que nenhum brasileiro
tinha participado ainda e pensei “tenho tudo para ser o primeiro, tenho
vontade e disposição para isso” - lembrou Pelosi, em entrevista ao
LANCENET!
A decisão em participar do rali não foi decidida
de uma hora para a outra. O brasileiro conta que se inscreveu, em
dezembro de 2011, para um mestrado, na Inglaterra, e esperou o resultado
para, enfim, confirmar a participação no Rali da Mongólia.
- Só
em abril que passei no mestrado. Como eu já iria ter que pedir demissão
de qualquer maneira e a data do rali batia (de 14/7 até 24/8), pois o
mestrado começava na metade de setembro, e foi ai que decidi em me
inscrever no rali - explicou.
Pelosi, de 27 anos, é o primeiro
brasileiro a participar dessa competição, que tem algumas peculiaridades
e regras para lá de diferentes. Os carros tem que ter uma idade mínima
de até 10 anos e o motor de no máximo 1.2. Os participantes não tem um
percurso fixo para ser seguido, quem cria a rota são os próprios
competidores.
Não existe prêmio para os vencedores. Como trata-se
de um evento beneficente, os ganhadores são as instituições de caridade
indicadas pelos participantes da aventura.
- Na verdade para este
rali não existe prêmio para nenhum participante. O rali é um evento
beneficente e toda a equipe tem que arrecadar dinheiro, 500 libras,no
mínimo, para a instituição de caridade oficial escolhida pela
organização, na Mongólia. E pelo menos mais 500 libras para qualquer
instituição de caridade escolhida pela equipe. Aqui no Brasil, escolhi a
AACD e tenho a meta de conseguir R$ 50 mil - contou.
A princípio,
a rota escolhida pelo brasileiro seria feita cruzando a Europa,
passando pelo Oriente Médio e subindo até o destino final, a Mongólia.
Entretanto, em razão dos outros participantes da epopeia terem
dificuldades para tirar os vistos de alguns países, os aventureiros
resolveram trocar o Oriente Médio pela Ucrânia e o Cazaquistão.
Ao
todo, serão 16 países escolhidos para serem visitados ao longo do
trajeto e inclui países exóticos como Moldávia, Tajiquistão,
Quirguistão, entre outros. Para realizar a viagem, Pelosi acredita que
serão necessários cerca de R$ 15,6 mil reais. Para ajudar nos custos de
viagem, o brasileiro criou em seu site um plano de vantagens para as
pessoas que quiserem ajudá-lo com as despesas. Além disso, os
aventureiros indicam no site as instituições de caridade nas quais
pretendem ajudar.
- Criei no site um plano de vantagem, mas ai a
pessoa escolhe se ela vai querer doar para mim ou para a AACD. No plano
de vantagens, a pessoa recebe um prêmio de volta, ela participa da
viagem, então não é simplesmente dar dinheiro, de alguma maneira ela
está contribuindo ela vai receber alguma coisinha em troca, mesmo que
seja uma coisa simbólica ou sentimental - disse o aventureiro.
Para
minimizar os custos, os aventureiros pretendem acampar ao longo de todo
o percurso e parar em casas, hosteis ou outros lugares para tomar banho
durante a semana. Para a volta, não existe tanta preocupação, pois o
principal desafio é chegar ao país. E para isso conhecer outras nações,
passar perrengue, ajudar na caridade e viver uma aventura única.
-
Se tudo der certo é porque deu tudo errado. A ideia do rali, é
realmente você se dar mal, é ter problema, é o carro quebrar, é você
estar no meio do deserto e furar os quatro pneus de uma vez e ai não ter
o que fazer, mas pelo menos até a Mongólia eu quero chegar - finalizou.
Para
acompanhar a viagem basta acessar o site (www.brasilnamongolia.com ),
no qual serão postadas fotos, vídeos e um diário de viagem contando os
bastidores, curiosidades e outros histórias por onde os aventureiros
passarem.
Henrique Pelosi, de 27 anos, é natural de Cambuí-MG e formado em Administração de Empresas. Em setembro, começa na Inglaterra um mestrado da FIFA em Gestão, Direito e Ciências Humanas do Esporte. Após a viagem, o brasileiro quer também lançar um livro contando suas experiências no rali, no qual será o primeiro brasileiro a participar.
O que é o Rali da Mongólia
O Rali da Mongólia é considerado o maior rali de aventura do mundo, além disso, é beneficente e existe desde 2004. O rali é conhecido por ser diferente dos tradicionais. Os participantes só podem usar veículos com motor de até 1.2 ou motos de até 125cc. Não tem uma rota específica para seguir, pois os participantes usam rodovias que os carros de passeio utilizam, e, por isso, não pode ser uma corrida contra o tempo. Não existe premiação, mas sim, a ideia de ajudar instituições de caridade indicadas pela organização e pelos participantes. Neste ano, a largada foi feita em Goodwood, na Inglaterra, e a chegada será em Ulan Bator, na Mongólia
Bate Bola - Henrique Pelosi - Formado em Administração de Empresas e primeiro brasileiro a participar do Rali da Mongólia
LANCE! - Como ficou conhecendo o rali?
Henrique Pelosi - Conheci esse rali através de um amigo canadense que postou um vídeo no facebook dele. Eu vi e, naquela hora, achei uma ideia muito legal e fui ver como que funcionava. Vi que nenhum brasileiro tinha participado ainda e pensei “tenho tudo para ser o primeiro, tenho vontade e disposição para isso”.
L! - Qual foi a reação da sua família quando você disse que iria participar do Rali da Mongólia?
HP - (risos) Quando mostrei o vídeo da Mongólia para a minha mãe ela ficou apavorada e disse: “Como assim você vai para a Mongólia?”. Meu pai também achou uma maluquisse: “Você é maluco, mas você é maior de idade. Quer ir e está pagando sua viagem, então vai”. Meus irmãos me apoiaram e acharam muito legal, mas a pessoa que mais me deu apoio foi meu avô, que viu o site e ouviu a história que contei e me disse: “Poxa, se tivesse sua idade eu faria duas vezes isso ai”.
L! - Como foi para montar a sua equipe e conseguir um carro para o rali?
HP - Como eu estava trabalhando não pude me dedicar desde no início, largar tudo e fazer uma equipe de brasileiros. Mesmo porque, eu queria ser o primeiro brasileiro então não podia divulgar a ideia publicamente para todo mundo, pois alguém poderia roubar a minha ideia. Mas o carro tinha que ser inscrito até o início de maio e ser registrado em algum país da União Europeia. Para isso, precisava ser residente lá. Foi então que fui na página do rali no facebook e entrei em uma equipe que estava precisando de mais uma pessoa.
L! - Como escolheram o percurso e os países?
HP - A ideia original era descer pela Turquia, passar pelo Irã, Turcomenistão e seguir o restante da rota. Mas para o pessoal que tem passaporte britânico, um indiano nascido na Inglaterra e um soldado britânico, então seria muito arriscado passar com um soldado por dentro do Irã. Além disso, o chinês também tem o passaporte britânico, pois é de Hong Kong. Então, para eles, é difícil tirar o visto do Irã, além disso, para a Turquia eles precisam de visto também. Então, decidimos ir por cima, pela Ucrânia e Cazaquistão, porque ai não teria problema nenhum. Depois disso, pensamos em fazer uma rota que achávamos mais legal, mas mudará durante a viagem, com certeza.
L! - Já pensaram em como será a viagem de volta após chegar na Mongólia?
HP - Depois do rali tenho três opções: a primeira é voltar de carro, que por incrível que pareça muita gente faz, a segunda é voltar de avião, e a terceira é se apaixonar por alguém de lá, se casar e ficar. No meu caso, o que pretendemos fazer é deixar o carro e ai os organizadores mandam para um desmanche. Depois, vamos pegar um trem até Pequim e, então, pegar um avião de volta ou para a Inglaterra ou para o Brasil.
L!- Caso tenha algum problema e tenha que abandonar o carro, vão seguir a viagem da mesma maneira de outra forma?
HP - Se tudo der certo é porque deu tudo errado. A ideia do rali, é realmente você se dar mal, é ter problema, é o carro quebrar, é você estar no meio do deserto e furar os quatro pneus de uma vez e ai não ter o que fazer. Na minha cabeça, eu não penso nessa hipótese de o carro quebrar e parar no meio do caminho. Mas se tivermos problemas e esgotar todas as opções, teremos que pegar trem, ônibus, avião, sei lá, tem que achar uma maneira de chegar em casa, mas pelo menos até a Mongólia eu quero chegar.
Fonte-Lancenet
Juliano.Gouveia
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