O trabalho humano não é suficiente para o sucesso de uma equipe. É
com esse pensamento que o Náutico, de volta à elite nacional neste ano,
resolveu inovar para fazer uma boa campanha.
Desde o início do
Campeonato Brasileiro, a tecnologia faz parte do dia a dia do técnico
Alexandre Gallo e de sua comissão técnica.
Cada jogador do
clube tem um pen drive personalizado, que é entregue antes da
concentrações com o conteúdo da partida. Informações do adversário e
estratégias são elaboradas pelo trio de auxiliares Maurício Copertino,
Kuki e Levi Gomes, e ilustradas em vídeo por Tiago Alves, da área de
tecnologia.
As longas preleções foram abolidas por Gallo, que
resolveu repetir a experiência que teve no Al-Ain (EAU), quando usava a
metodologia por conta da dificuldade da língua.
– É muito mais
saudável o atleta estar na cama dele e assistir duas, três vezes ao
material, ao invés de mandá-lo descer do quatro e ficar vendo um vídeo
de 30, 40 minutos. Isso enche o saco do cara. É o momento para ele estar
descansado, com a cabeça tranquila. Ele vai estudar várias vezes e
quando quiser, se tiver consciência profissional. Isso facilita e
aumenta a discussão entre os atletas. Aí, no dia do jogo, faço a
preleção com subsídio – afirmou Gallo, ao LANCENET!.
Paralelo
a esse trabalho, o fisiologista do clube e outros auxiliares procuram
corrigir o posicionamento da equipe e melhorar a preparação física. Um
GPS (sistema de posicionamento global) acompanha cada jogador nas
partidas (veja abaixo).
– Mapeamos as ações e fazemos uma pasta
para cada atleta. Até para cobrança interna ser baseada em números,
velocidade, quantidade de ações no jogo. Isso é importante para mim e
para os departamentos físico e fisiológico – afirmou o treinador.
Pen drives dos jogadores do Náutico
Pen drive
Cada jogador do Náutico recebe um pen drive personalizado, com um número específico. O objeto é deixado com a comissão técnica para ser “abastecido” com o material do jogo.
Estudo
Cada jogador tem a missão de estudar o material na concentração. Gallo afirma que o jogador o fará mais de uma vez, quando quiser. Por isso, acredita ter mais eficiência do que fazer longas preleções, com a lousa, nos dias que antecedem as partidas.
O vídeo
Imagens de jogadas rivais, estatísticas, disposição tática, entre outros dados, fazem parte do material elaborado.
Bate-Bola: Alexandre Gallo
Técnico do Náutico, em entrevista ao LANCENET!
O que dá para almejar para o Náutico neste Brasileirão?
Temos os pés no chão. O objetivo é a manutenção na Série A. Esperamos ficar entre oitavo e décimo segundo colocado. É de muita satisfação. É um grupo remontado 70%, cheguei na semifinal do estadual, nos remontamos, mandamos 16 atletas embora. Em dez jogos conseguir esse nível de atuação, com atletas se adaptando, não é fácil.
Qual seu exemplo na carreira?
Eu tenho 45 anos, mas estou no futebol há 34 anos. Tive possibilidade de trabalhar com grandes treinadores, como Muricy, Abel, Vanderlei, Parreira, Evaristo de Macedo, Antônio Lopes, Nelsinho Baptista, todos os vencedores dos últimos tempos. Me preparei muito para ser treinador. Tenho meus métodos, aprendi muito, mas sem dúvida o Vanderlei foi o meu norte.
Diminuiu a resistência dos clubes em apostar em técnicos novos?
Acho que é natural, tem espaço. Quem é capacitado vai se estabelecer. Em alguns momentos a direção dos clubes tem o direito de apostar na experiência. E também tem o direito que querer algo mais jovial, moderno, atualizado. É uma lei natural da vida, a reformulação tem de acontecer com naturalidade, sem ser imposto.
Vocês fazem material específico para apenas um jogador?
No começo, a gente tentou fazer um material individual. Mas, por exemplo... Nosso atleta faria marcação individual no Montillo. Fizemos o vídeo do Montillo. E pensei, se o Montillo passar pelo atleta e vier a cobertura, o cara não vai estar sabendo o que acontece. Então preparamos o material genérico.
Voltará para um grande clube?
Sem dúvida, isso vai acontecer naturalmente. Mas hoje busco o fortalecimento do meu trabalho.
*JOGADORES USAM GPS DE R$ 470 NO SHORTS
O uso de GPS no futebol tornou-se uma prática cada vez mais comum para preparadores e fisiologistas de diversos clubes do Brasil.
O aparelho serve para mapear o que o jogador faz no campo, como deslocamentos, aceleração, velocidade, percurso, para melhorar desempenho e métodos de treinos.
O fisiologista do Náutico, Cléber Queiroga, levou a ideia para Recife após um período de intercâmbio no eixo Rio-São Paulo: Corinthians, Santos e Botafogo. No Fogão, o fisiologista Altamiro Bottino foi quem o incentivou a implementar a tecnologia em seu trabalho.
No Náutico, os micro-aparelhos custam R$ 470 cada, ficam no bolso do shorts e são imperceptíveis durante a partida. São 14 GPS's (usados pelos 11 atletas titulares e mais os três possíveis substitutos).
– Cruzamos os dados com índice de glicemia (glicose) e CK (creatina-quinase), esforço físico, distância percorrida e perda hídrica. Isso vai nortear o nosso trabalho com cada atleta nos treinos – explicou o fisiologista Cléber Queiroga.
Diversos clubes nacionais também têm usado esta tecnologia. Em treinos, é comum ver o aparelho como se fosse um relógio, que mede entre outras coisas os batimentos cardíacos e perda de calorias.
Fisiologista do Náutico, em entrevista ao LANCENET!
'Mostramos os dados para que se cobrem'
"A equipe tem característica de força e velocidade, por isso é importante o uso do GPS, para melhorar o aspecto físico e fisiológico. A gente mostra quem teve o melhor e o pior rendimento na partida. Para que eles saibam e se cobrem. A gente controla a média de cada atleta.
É óbvio que as análises também dependem de cada jogo, se é em casa ou fora, se teve um jogador expulso ou não. Mas o GPS pode garantir se o atleta se deslocou como o treinador pediu para ele".
Fonte-Lancenet
Juliano.Gouveia
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