quarta-feira, 27 de junho de 2012

Baiano ignora racismo por lembranças do Boca


Meia garante que não guarda mágoa e se sente lisongeado por ter atuado na equipe argentina

Baiano comemora gol do Boca Juniors diante do Sporting Cristal  pela Libertadores / Agência EFE/FolhapressBaiano comemora gol do Boca Juniors diante do Sporting Cristal pela Libertadores

Baiano joga atualmente no Brasiliense, mas sabe muito bem o que significa o Boca Juniors, adversário do Corinthians na final da Copa Libertadores da América, pois atuou na equipe argentina na temporada 2005-2006. Além de muitas vitórias e alegrias, o meia brasileiro conviveu também com o racismo. Na época, ele acabou sofrendo esse problema na pele, e até hoje prefere não tocar nesse assunto. “Não quero comentar”, disse em entrevista exclusiva ao band.com.br.
O jogador sofreu com um rescaldo de um episódio que aconteceu no Brasil, em abril de 2005, quando o zagueiro Leandro Desábato, do Quilmes, foi detido por ter ofendido o atacante Grafite. O meia foi escolhido pelos jogadores argentinos rivais como bode expiatório. O jogador foi convencido a permanecer no Boca, mas a situação se tornou insustentável, foi quando decidiu voltar ao Brasil para jogar no Santos.

O meia garante que não guarda mágoas por esse episódio. “Tenho que agradecer ao Boca, já que fiz parte de jogar no centenário do clube. Considero-me um privilegiado”, destacou.

O jogador brasileiro, apesar de não ser corintiano, vai torcer para que o caneco venha ao país.  “Um time brasileiro vencendo é bom para o futebol nacional, onde o campeonato e o jogador são mais valorizados”.

Leia a entrevista completa a seguir:

Band.com.br: Qual é a expectativa do duelo entre Boca Juniors e Corinthians no primeiro jogo da final da Libertadores?
Baiano:
 Apesar de ter jogado a Libertadores pelo Boca e ainda ter o amigo Ledesma por lá, a paixão fala maios alto, pois sou brasileiro. A expectativa é que o Corinthians vença, pois tem uma equipe melhor, além do mais, sou amigo do Alessandro. O Boca vai vir para cima, apertando, mas o Corinthians é mortal nos contra-ataques. Isso ficou provado na Vila Belmiro contra o Santos. O Corinthians tem se mostrado mais sólido, com uma excelente defesa. O Ralf e o Paulinho vivem um momento espetacular, assim como o Danilo e o Emerson. O Corinthians disputa a sua primeira final de Libertadores, e o primeiro título a gente nunca esquece. Por isso, eles vão fazer de tudo para entrar para história, pois vai marcar a carreira de todos os atletas.

Band.com.br: Acredita em um jogo aberto ou truncado? Arrisca um palpite?
Baiano:
 Vai ser um jogo aberto. O Boca vai vir pra cima e o Corinthians vai jogar nos contra-ataques. O Boca vai ficar exposto e o Corinthians vai levar vantagem, já que tem Emerson  e Jorge Henrique. O Paulinho tem surpreendido muito pelas suas características, por ser rápido e sempre vem de trás. Aposto no 2 a 1 para o Corinthians, gols de Emerson e Paulinho, e o mesmo placar no Pacaembu, com gols de Chicão ou Castán e um dos atacante”.

Band.com.br: O La Bombonera é realmente um estádio diferente?
Baiano:
 Sim. O La Bombonera é diferente. Tive a felicidade de jogar a favor. O estádio lotado, você sente o gramado, treme. Os adversários sentem aflição. A torcida é uma coisa que nunca vi na minha vida. Eles não param de cantar e incentivar um segundo. Cada jogador tem sua música. Se o Maradona, Tevez, Palermo, que são os grandes ídolos estiverem lá, a torcida vai enlouquecer com tamanha euforia. A estrutura do estádio faz com que sinta bem em cima de você. É um verdadeiro caldeirão.

Band.com.br: Você é corintiano?
Baiano: 
Não.  Sou apaixonado pelo Santos e Palmeiras. O Santos é onde eu comecei, minha base desde os oito anos. Fiquei muito chateado quando foi eliminado pelo Corinthians, já que esperava uma revanche com o Boca, já que perdeu o título em 2003. Mas não foi assim. Já o Palmeiras representou a minha volta da Europa, conquistei o título da Série B e me abriu as portas para levar ao Boca Juniors e disputar a Libertadores.

Band.com.br: Então porque você vai torcer pelo Corinthians?
Baiano:
 A Libertadores para o futebol brasileiro é importante e representa muito para o futebol sul-americano, como a Liga dos Campeões para a Europa. Um time brasileiro vencendo é bom para o futebol nacional, onde o campeonato e o jogador são mais valorizados.

Band.com.br: O Corinthians entra pressionado por não ter título da Libertadores?
Baiano:
 A pressão vai estar mais para o Boca, porque eles disputam a 10ª final, tem mais tradição . Por jogar em casa, a obrigação é vencer, porque senão em São Paulo vai ser mais difícil. Com certeza vão querer ir para cima. Mas eles sabem jogar fora de casa, também. Mas se o Corinthians conseguir um empate vai ser campeão.

Band.com.br: Você que jogou lá e aqui, o que difere o futebol brasileiro do argentino?
Baiano:
 O sistema jogado lá é diferente do Brasil. O argentino joga em duas linhas de quatro, com dois laterais, dois marcadores de pontas e dois abertos. Na minha época era o Marcelo Delgado e Palermo era a referência. Era só cruzar na área que ele resolvia. Normalmente equipes argentinas usam esse mesmo artifício. No Brasil, o atacante tem a liberdade de ir de um lado para outro. A maneira é diferente. Os laterais argentinos são mais marcadores, e aqui no Brasil  têm mais liberdade.

Band.com.br: Quais jogadores do Boca Juniors que estavam na sua época e que ainda permanecem?
Baiano:
 O Riquelme, que desequilibra. Todo cuidado é pouco com ele. Ele tem feito a diferença e será preciso marca-lo muito bem, não deixando espaços. Tem o goleiro, o zagueiro Schiavi e o Santiago silva,  que tem demonstrado faro de gols nos jogos.

Band.com.br: Além das alegrias no Boca, você também sofreu racismo. Guarda alguma mágoa?
Baiano:
 Não quero comentar nada sobre esse assunto. O que aconteceu comigo faz parte do passado. Não guardo nenhuma mágoa. Tive muitos momentos bons e não tem nada a ver ficar comentado aquela situação. Tenho que agradecer ao Boca, já que fiz parte de jogar no centenário do clube. Fiz dois gols na Libertadores, uma contra o Pachuca e outro diante do Sporting Cristal. A torcida gritou meu nome. Me considero um privilegiado.

Band.com.br: Você tem contrato com o Brasiliense até quando?
Baiano:
 Cheguei ao Brasiliense há 45 dias. Assinei contrato até dezembro de 2013. Espero ficar para fazer uma nova história, conquistar vaga na Série B. Mas antes os dirigentes tem que dar início a Série C, já que começou primeiro a D. Minha meta é fazer com que o Brasiliense volte a Série A em 2014, ano da Copa, para poder encerrar a minha carreira.
Fonte: Band.Com

                                                                        Erly Souza

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