Já são 684 dias sem vestir a camisa do Flamengo. A última vez, foi contra o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro, em 5 de junho de 2010. Desde então, o nome de Bruno deixou de ser destaque nas páginas esportivas para ser manchete das páginas policiais dos jornais.
Porém, mesmo longe, Bruno não é esquecido pelos torcedores rubro-negros. E, segundo Ingrid Calheiros, noiva do goleiro, mesmo após a saída conturbada do clube, a recíproca é verdadeira.
- O Bruno tem mágoa da diretoria. Mas ele ama o Flamengo e tudo que viveu lá. Saindo da prisão, já deixou claro que quer voltar ao Flamengo.
A mágoa com relação à diretoria do Flamengo é pela forma como o caso vem sendo tratado pelo clube. Alguns dirigentes insistem em rescindir o contrato de Bruno por justa causa. O compromisso dele com o Fla terminaria em dezembro de 2012, mas como está suspenso há 21 meses, seria prolongado por este tempo.
Como é o contato do Bruno com o Flamengo na prisão? É verdade que ele vê os jogos do Mengão?
Ele tem uma TV de 14 polegadas e assiste a todos os jogos do Flamengo. Nem fala. Ele sofre muito e torce demais. Teve um dia que ele estava vendo o jogo, começou a xingar, gritar, até que deu um silêncio. Quando eu vi, ele estava chorando, chorando muito. Imagina quando ele vê os jogos sozinho, em uma quarta-feira que eu não estou lá.
Ele acompanha o noticiário do clube? Sabe tudo que falam dele também?
A parede dele ao lado da cama é cheia das fotos da época de Flamengo. Ele recebe muita foto, ele cola tudo. Às vezes, tem a geral e os agentes arrancam tudo. Mas ele não está nem aí e cola tudo de novo.
Ele fala da torcida do Flamengo?
Ele diz: “Como é que pode, um ano e meio depois do que aconteceu e o povo não me esquece”. Ele lembra com muito carinho dos torcedores.
Em relação às propostas de outros times, além do Fluminense, algum outro time o procurou?
Ele fica animado com essas possibilidades. Ele diz: “Se o Flamengo não me quiser, vou para o Atlético-MG ou para o São Paulo”. Depois, disse: “Ah São Paulo, não! Quero não. Para ser reserva eu não vou”. Ele fica cogitando essas coisas e acho que é bom para ele.
Alguma outra proposta chegou até vocês?
Outro dia me ligaram do Guarani de Divinópolis. Como o clube fica perto da penitenciária, eles queriam que o Bruno fosse treinar e depois voltasse para a cadeia. O Bruno falou: “Estão pensando o quê? Vou correr e treinar para depois voltar pra cá? Eu sou goleiro do Flamengo! Será que eu vou ter de ir para Divinópolis?” (risos).
Ele fala como sonha que será a partida de volta ao futebol?
Ele fica imaginando saindo do túnel do Maracanã, com a torcida do Flamengo lotando o estádio e cantando: “P... que pariu, é o melhor goleiro do Brasil”. E diz: “Eu não vou aguentar, vou me ajoelhar ali mesmo e chorar. Todo mundo gritando, me esperando lá fora, a torcida fazendo aquela festa. Aí ele volta à realidade e lamenta: “É, mas eu tô preso. Como é que eu vou jogar se nem consigo sair daqui?”
RECEIO DE SER REJEITADO PELA TORCIDA
O atacante Edmundo se envolveu em um acidente de carro em 1995, onde três pessoas acabaram morrendo. Desde então, as torcidas adversárias perseguem o Animal com gritos de “Ah, é assassino!”.
De acordo com Ingrid, este é o maior medo que Bruno tem quando pensa em voltar a jogar futebol.
- A coisa que ele tem mais medo é da rejeição da torcida. E tem medo de querer voltar e o clube não querer mais ele. Mas enfrentar isso para quem está enfrentando coisa muito pior é mole. Ele é muito guerreiro - se derrete a noiva.
Vale destacar que a relação de Bruno com a torcida do Flamengo era conturbada. Apesar de ídolo e capitão, o goleiro vivia às turras com os torcedores rubro-negros.
BRUNO DEFENDENDO O FLUMINENSE?
A imprensa já noticiou o interesse de clubes da primeira divisão pelo goleiro Bruno. Segundo o goleiro, o que fez a proposta mais tentadora foi o Fluminense. Um alto dirigente do clube ofereceu um valor alto ao jogador, para ele dar prioridade ao Tricolor quando fosse libertado da prisão.
- Essas propostas aparecem a todo momento. Quando surgiu a história do Fluminense, um homem forte de lá foi na agência de carros de um amigo que ajuda a cuidar do Bruno e disse que o clube estaria disposto a dar R$ 1,5 milhão e mais uma cobertura para ele assinar com o Fluminense. A proposta foi tão tentadora que o Bruno até brincou: “Onde eu assino?”. Eu é que ia gostar - brincou Ingrid, torcedora do Fluminense.
Apesar de Bruno e de sua noiva comentarem da proposta do Tricolor, o clube das Laranjeiras chegou a se manifestar sobre o caso alegando não ter qualquer interesse no atleta e desmentiu uma possível sondagem. São Paulo e Atlético-MG também teriam demonstrado interesse em contar com o jogador.
Henrique Marques
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