GLOBOESPORTE.COM acompanha a pequena Gabrieli, de três anos, em seu primeiro jogo no novo estádio, em meio a tratamento contra leucemia
- Ela é magnética - resumiu um torcedor que cruzou o caminho de Gabi.
Um bom adjetivo. Talvez o que melhor resuma a menina. Com menos de um metro, fez sumir figuras como o prefeito José Fortunati, o ex-presidente do Grêmio Paulo Odone e o centroavante Marcelo Moreno, atrações do camarote. Tal qual uma celebridade já experiente, não se incomodou com os insistentes pedidos de fotos de homens e mulheres, que amassavam o pequeno rosto entre beijos e abraços.
Muitos, na ânsia de uma imagem com a pequena gremista, quase perdiam lances como os de Vargas e Fernando, que deram ao Grêmio uma suada vitória sobre o Santa Fé, pelas oitavas de final da Libertadores.
Gabrieli ganha colo do ídolo Barcos (Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital)
Mas bem antes de chegar à Arena, a menina, que luta há nove meses contra uma leucemia, teve de vencer muitas barreiras. Primeiro, transpôs a doença e viu as suas imunidades subirem a ponto dos médicos permitirem a viagem de Santa Maria, onde faz o tratamento, até Porto Alegre. O segundo obstáculo foram os 330 quilômetros entre as duas cidades. No caminho, ela ameaçou fazer birra, típica de crianças nesta idade, mas a paixão falou mais alto.
- Quando ela começava a ficar impaciente, lembrávamos a ela que o Barcos estava esperando. Ela parava na hora e dizia que queria vê-lo. Todos nós estávamos muito ansiosos por esse dia. Foi uma noite dos sonhos - resumiu o pai, Norival de Souza Medeiros, 25 anos.
Parecia assustada com os rugidos da torcida em cada lance de perigo. Só parecia. Quando Alex Telles cruzou da esquerda e Vargas mandou para o gol de cabeça, não fez cerimônia, gritou e balançou os braços como se fosse um dos membros da barulhenta Geral do Grêmio.
Com o empate do Santa Fé, o jogo ficou encardido. E Gabrieli parecia sentir isso. Iniciou um vaivém até a tela de acrílico que protege o camarote, nervosa. Faltava algo. Faltava o gol de Barcos, “o meu amigo”, nas palavras da menina, que criou laços com o jogador depois de sensibilizá-lo e ganhar a uma visita de duas horas.
Como forma de incentivo, ela berrava o nome do argentino, acenava, brigava com os adversários que cometiam faltas no Pirata.
- Não bate nele - ordenava aos jogadores do Santa Fé, já com bico na boca, revelando o adiantado da hora.
Coincidência ou não, o time se inflou e arrancou a improvável vitória. O gol saiu. Não foi de Barcos. Mas pouco importa. O que fica desta noite é que o Grêmio ganhou o jogo e a Arena ganhou Gabrieli. Uma torcedora para lá de especial, e ainda, pé-quente.
Piratinha realizou mais um sonho na noite de quarta-feira (Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital)
Por Paulo LudwigPorto Alegre
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