Não é de impressionar que um jogador de futebol, após encerrar sua carreira, assuma um cargo de diretor em um clube por onde passou. Mas para o volante Lucas Leiva bastaram 25 anos de idade para que a chance de ser “cartola” – mesmo com a carreira longe do fim. Há cinco anos no Liverpool, o brasileiro aceitou convite do clube inglês para compor a diretoria da Fundação LFC (sigla de Liverpool Football Club), órgão do clube que procura ajudar entidades de caridade por todo o mundo.
Profissional dentro das quatro linhas, Lucas admite não ter qualquer experiência em cargos fora do gramado, mas já cultiva um sonho: quando já estiver plenamente ciente de suas atribuições de cartola na Fundação, tentará fazer com que a ajuda através da marca dos Reds chegue aos jovens pobres do Brasil.
- Se eu tiver essa oportunidade, quero fazer tudo o que puder para isso. Quero levar a fundação ao meu país, que é um lugar que precisa. As crianças têm muitos sonhos e muitas delas deixam de realizar por falta de opção. E ainda mais sendo pelo Liverpool... com certeza seria uma ligação legal. Sou muito novo ainda para ser chamado de cartola, mas esta é uma oportunidade que não poderia dizer “não” – declarou o volante, em entrevista por telefone.
A grande identificação de Lucas com o clube – que até lhe rendeu declarações de amor por parte da torcida – não foi suficiente para poupá-lo de uma surpresa ao receber o convite. Em meio a 12 ingleses e outros 17 estrangeiros do elenco, o sul-matogrossense foi o único escolhido para representar o elenco na Fundação, deixando para trás até mesmo o grande ídolo Gerrard, que já tem sua própria entidade de caridade.
- Recebi com surpresa até mesmo pelo fato de ser brasileiro, em um país diferente. Nunca pensei que pudesse representar tanto a imagem do clube, como esse convite pede. Fiquei feliz, já que é uma responsabilidade grande, e uma das minhas vontades sempre foi poder ajudar as pessoas de alguma forma. Confesso que sempre procurei buscar entidades que trabalham sério e acho que essa será uma maneira legal poder aprender.
O convite feito por parte do clube e aceito por Lucas acaba sendo uma demonstração mútua de que a relação entre as duas partes pode ser duradoura. Perguntado se pensa em encerrar a carreira em Anfield, Lucas garante que esta é uma possibilidade forte.A Fundação LFC passou a ser um dos “xodós” dos atuais donos do clube, o milionário John Henry, que quer tornar a entidade uma forma de difundir a marca da equipe de Anfiled pelo mundo. Lucas fará parte do quadro de diretores e participará da tomada de decisões, além de ter liberdade para sugerir entidades para serem ajudadas. De acordo com o brasileiro, o foco da ajuda do clube inglês será mesmo crianças carentes e a prioridade, a pedido do dono dos Reds, seria achar uma instituição na África. A arrecadação de fundos será feita através de venda de produtos e leilões.
- O convite foi feito para um jogador com quem eles contam há muitos anos. Já vi o Liverpool passar por muitos momentos difíceis e nunca tive vontade de sair. Claro que no futebol tudo pode acontecer, mas estou contente e feliz, e sinto que tenho muita coisa a oferecer. Sou muito novo ainda e quero jogar mais uns 10 anos, mas com certeza seria bacana – disse, referindo-se à aposentadoria no clube.
Se fora dos gramados a vida de Lucas trouxe uma grata surpresa, como jogador o ano de 2012 não tem sido muito agradável para o volante. O ex-atleta do Grêmio sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo em novembro de 2011 e, após uma cirurgia e oito meses de recuperação, participou da pré-temporada do Liverpool. Mas durante o confronto contra o Manchester City, em agosto, o brasuca sofreu uma lesão muscular na coxa que o deixará parado ainda por mais de um mês.
Em entrevista ao SporTV, em setembro,Lucas chegou a dizer que o ano era o “pior” de sua vida. Questionado se o convite recebido pelo clube ameniza tal situação, Lucas frisa que, profissionalmente, nunca teve uma seqüência tão ruim.
- Em relação ao lado profissional, o ano está sendo o pior, sem dúvidas. Eu nunca convivi com lesões e esse ano estou convivendo com duas, que estão me deixando parado por muito tempo. O lado bom é que eles acreditam que vou voltar no nível que estava antes e isso me conforta. O clube não merece, e eu também não mereço estar nesta situação. Mas essa fase ruim vai passar – declarou, revelando que os médicos acreditam que demorará mais 45 dias para voltar aos treinos.
Nome certo nas convocações de Mano Menezes, Lucas só perdeu sua vaga no grupo por conta dos problemas físicos. Ao ver a seleção brasileira com a base de sua escalação já definida e poucas surpresas em convocações, Lucas se vê apreensivo pelo fato de ainda ter que percorrer um grande percurso após sua recuperação, para voltar a ser chamado pelo treinador. Mesmo assim, garante que o sonho de estar na Copa do Mundo de 2014 está vivo em sua mente.
- Eu tenho noção que com certeza as lesões atrapalham e cada convocação que você não é chamado, você perde espaço. Sei que a situação não é fácil. Penso que estava em um bom momento na seleção, jogando como titular. E é lógico que foi a lesão me afastou. Não deixei de ser convocado por questões técnicas, mas por questões técnicas. Meu pensamento é me recuperar bem e estar bem no clube, até porque o grupo me conhece e eu me sinto parte do grupo – encerrou.
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